LETRA LIVRE 27 (2010)
Sinopse PGM 27
Convidados: Marina Colasanti e Rodrigo Lacerda.
•Marina: você escreveu para revistas femininas e frequentemente aborda questões afetivas na sua obra: como evitar que esse tema se transforme em algo piegas, em consultório sentimental?
•Rodrigo: seu livro mais recente, Outra vida, trata de um casamento em crise e você participou na Flip de uma mesa intitulada Separações, com o diretor Domingos de Oliveira. Existe hoje uma preocupação dos escritores em tratar de temas da vida comum? (paralelo com cinema + Coetzee, Philip Roth, Cristovão Tezza)
•Para ambos: Hoje cada vez mais os escritores participam de eventos literários: a exposição midiática cancela o poder questionador da literatura, transformando o escritor numa celebridade? (lembrar Apocalípticos e Integrados, Umberto Eco)
Pergunta Edward Pimenta para Marina Colasanti (o que falta abordar?)
•Rodrigo: Vocês dois escrevem, além de ficção para adultos, livros para o público infanto-juvenil. Como escrever para esses leitores na era dos videogames, canais a cabo e internet?
•Marina: Numa entrevista, você declarou: “Os contos de fadas foram mandados para a tinturaria, a fim de limpá-los de qualquer mancha de sangue. O resultado foi que, ao limpar-se o sangue visível, drenou-se também o invisível, aquele que corre nas veias das histórias, que as anima e lhes dá vida. E os belos contos de fadas ficaram pálidos, fracos, com um pé na UTI.” Como é escrever contos de fadas na era do politicamente correto?
•Rodrigo: Suas Fábulas para o Ano 2000 forma uma tentativa de atualizar o gênero para uma realidade de roqueiros e internautas?
Pergunta Edward Pimenta para Rodrigo (grupos/autores atuais)
•Marina: hoje existe uma tendência para o miniconto, mas você já pratica esse gênero há muito tempo (como Zooilógico, A Morada do Ser e Contos de Amor Rasgado). A condensação virou um cacoete?
•Rodrigo: em Vista do Rio, você explora de maneira cruel o contraste entre o que a cidade do Rio de Janeiro prometia como projeto de Brasil e a decrepitude do presente. O projeto Brasil naufragou?
•Marina: você se considera uma escritora feminista e engajada? Ainda existe espaço para utopias na literatura?
•Rodrigo: você estreou com O mistério do leão rampante, romance que é quase uma brincadeira e que teve origem num curso de história (pedir para ele contar a gênese do livro). Já existia o projeto de ser escritor quando você fez o livro?
•Marina: você nasceu na Eritreia e morou na Itália. Como isso marcou sua obra? E sua experiência como tradutora?
•Rodrigo: você é carioca e neto do ex-governador Carlos Lacerda, mas mora em São Paulo e tem uma visão pessimista do Rio, como metáfora do Brasil. Você procura expiar essa herança pela ficção?
•Marina: Pedir p/ ela encerrar falando do livro de memórias que está escrevendo.