A POESIA REFLEXIVA DE DRUMMOND - NO MEIO DO CAMINHO
O Prof. Davi Arrigucci Junior fala sobre o universo poético de Carlos Drummond de Andrade.
Segundo o Prof. Davi, em termos drummondianos, o poema é justamente um sentimento do mundo lavrado em palavras. Para ele, Carlos Drummond de Andrade é o grande poeta da passagem para a poesia moderna. De acordo com sua análise, para o Drummond chegar à poesia supõe um esforço, a poesia é o resultado de um esforço, de um trabalho, de uma luta com as palavras. Segundo Davi, quando Drummond aparece em 1930, a novidade em sua poesia é que ele traz para o universo da lírica brasileira o pensamento mesclado à expansão lírica. Sua expansão lírica não se dá com a naturalidade corrente, mas se dá mediada por um esforço de pensamento, por um trabalho de reflexão.
Nesse programa o prof. Davi Arrigucci analisa principalmente o poema “NO MEIO DO CAMINHO” (de Alguma Poesia, 1930), que para ele, desde o princípio aparece como uma forma de pensar o próprio problema da poesia, ou seja, o problema de como criar a poesia para o Drummond.
Outros poemas de Drummond também são analisados no programa tais como: “Cota Zero” e “Anedota Búlgara” (de Alguma Poesia, 1930).
Carlos Drummond de Andrade nasceu em 1902 na cidade de Itabira, Minas Gerais, filho de fazendeiros. Viveu sua infância e adolescência no interior de Minas Gerais. A partir de 1920 passa a residir em Belo Horizonte onde se relaciona com jovens escritores. Em 1922 recebe um prêmio de cinqüenta mil reis da revista Novella Mineira, de Belo Horizonte, pelo conto “Joaquim do Telhado”. Em 1926, trabalha no Diário de Minas. Publica, em 1928, o poema “No meio do Caminho” na revista de Antropofagia, que se torna o alvo predileto dos inimigos do Modernismo. Inicia sua carreira de funcionário público na Secretaria de Educação de Minas Gerais. Em 1930, torna-se auxiliar de gabinete da Secretaria do Interior mineira chefiada por Cristiano Machado e , depois, Gustavo Capanema. Publica seu primeiro livro, “Alguma Poesia”.
Em 1934 é redator do Estado de Minas e do diário da Tarde. Transfere-se par ao Rio de Janeiro como chefe de gabinete de Capanema, novo ministro da Educação e Saúde. Publica “Brejo das almas” e colabora na Revista Acadêmica, do Rio. Os dois livros (“Alguma Poesia” e “Brejo das almas”) são caracteristicamente modernos. Seguiram-se “Sentimento do Mudo”(1940), “Claro Enigma” e “Contos de Aprendiz (1951), “Lição de Coisas” (1962), “Lição de Amigo” (1982) e muitos outros.
O Professor Davi Arrigucci Junior, nasceu em São João da Boa Vista (São Paulo) em 1943. Professor aposentado de teoria literária e literatura comparada na USP, , onde lecionou de 1965 a 1996, crítico e ensaísta consagrado, estreou como romancista com Ugolino e a Perdiz, a “saga” de um caçador quixotesco em busca de uma perdiz encantada. Ao estrear como ficcionista, Arrigucci disse estar sentindo um prazer que não sentia com sua produção anterior de ensaios – o que talvez soe injusto com uma das mais sólidas coleções artigos sobre escritores nacionais e estrangeiros, com destaque para O Escorpião Encalacrado (sobre o argentino Julio Cortázar) e O Cacto e as Ruínas (sobre Manuel Bandeira e Murilo Mendes). Publicou recentemente o livro "Coração Partido", em que analisa a poesia reflexiva de Carlos Drummond de Andrade.