O CINEMA CLASSICO NA OTICA DE ALFRED HITCHCOCK - A CONSTRUCAO DA LINGUAGEM
Ismail Xavier vê Alfred Hitchcock como um trabalhador do cinema e um artesão da linguagem. Hitch levou sua vida dentro da câmera, preocupando-se, essencialmente, com o que o público assistiria. Decidir o enquadramento sempre foi mais importante que decidir o orçamento. Talvez por isso, ele conseguiu imprimir aos seus filmes um caráter ao mesmo tempo autoral e popular.
Nos vários episódios da série, Ismail Xavier mostra como Hitch dominava a construção da linguagem e os recursos técnicos que a indústria poderia lhe proporcionar, sempre disposto a brincar com o público (inclusive aparecendo rapidamente em seus filmes).
Hitchcock nasceu na Inglaterra, teve uma rígida educação jesuíta e pretendia seu engenheiro, mas acabou, ainda bem jovem, desenhando legendas de filmes mudos numa produtora londrina. Na década de 20, com o cinema ainda numa fase romântica, a diferença entre desenhar legendas e dirigir um filme ainda não era tão grande. Depois de um breve período de aprendizado, como assistente de direção e montador, em 1925 fez seu primeiro filme, nunca concluído, "The pleasure garden", obra ainda medíocre. Em 1926, contudo, já assina "The Lodger", uma história com Jack, o Estripador, demonstrando grande talento. Daí por diante, não parou mais de filmar.
Sua "fase inglesa" vai até 1949, quando David Selznick o leva para os Estados Unidos.