O CINEMA CLASSICO NA OTICA DE ALFRED HITCHCOCK - O OLHAR FABRICADO
Alfred Hitchcock é um dos cineastas mais comentados, biografados e reverenciados de todos os tempos. Ele já foi tratado como um mero empregado dos estúdios, repetindo a mesma fórmula para garantir bilheterias, mas também já foi alçado à condição de gênio, de grande autor, principalmente depois que os franceses da Nouvelle Vague (Truffaut à frente) promoveram uma releitura respeitosa (e quase sempre precisa) de seus principais filmes. Ismail Xavier analisa Alfred Hitchcock como um trabalhador do cinema e um artesão do olhar em Vertigo (Um Corpo que Cai, 1958), baseado no livro "D'Entre les Morts", da dupla Pierre Boileau e Thomas Narcejac. O livro foi escrito especialmente para Hitchcock, que inventou para o filme a célebre sequência de zooms e afastamento da câmera, que transmite ao espectadr o terrível medo de alturas sentido pelo personagem - um detetive (James Stewart) contratado por um amigo para vigiar sua esposa (Kim Novak), suicida em potencial. Em Vertigo, Hitchcock ( que aparece em cena aos exatos 11 minutos, caminhando em frente a um estaleiro) brinca com o olhar do público. Pela lentes do mestre descobrimos, num primeiro momento, saber tanto quanto o desnorteado Jimmy. Em seguida descobrimos saber mais que ele (o que nos faz ter pena de todo o sofrimento do protagonista) e no final do filme voltamos a saber tanto quanto Jimmy. Vertigo recebeu 2 indicações ao Oscar: Melhor Som ( trilha sonora hipnótica de Bernard Herrmann e excelente abertura de Saul Bass) e Melhor Direção de Arte.