O CINEMA CLASSICO NA OTICA DE ALFRED HITCHCOCK - PERGUNTAS E RESPOSTAS
Debate entre o público e o palestrante, Ismail Xavier, sobre a obra e os recursos de linguagem cinematográfica usados por Alfred Hitchcock.
Hitchcock é um dos cineastas mais comentados, biografados e reverenciados de todos os tempos. Nos vários episódios da série, Ismail Xavier mostra como Hitch dominava a linguagem e os recursos técnicos que a indústria poderia lhe proporcionar, sempre disposto a brincar com o público (inclusive aparecendo rapidamente em seus filmes).
Hitchcock nasceu na Inglaterra, teve uma rígida educação jesuíta e pretendia seu engenheiro, mas acabou, ainda bem jovem, desenhando legendas de filmes mudos numa produtora londrina. Na década de 20, com o cinema ainda numa fase romântica, a diferença entre desenhar legendas e dirigir um filme ainda não era tão grande. Depois de um breve período de aprendizado, como assistente de direção e montador, em 1925 fez seu primeiro filme, nunca concluído, "The pleasure garden", obra ainda medíocre. Em 1926, contudo, já assina "The Lodger", uma história com Jack, o Estripador, demonstrando grande talento. Daí por diante, não parou mais de filmar.
Sua "fase inglesa" vai até 1949, quando David Selznick o leva para os Estados Unidos. Em Hollywood, a personalidade reservada de Hitch, pouco afeita a festas e badalações, contribuiu para criar a sua aura de "senhor do suspense e do mistério". Na verdade, o que ele queria era filmar. E filmava como ninguém. Já começou ganhando um Oscar com "Rebecca", e foi afirmando-se como um cineasta capaz de extrair bons filmes até de argumentos fracos.
Como sua produção era muito extensa, e sempre no ritmo ditado pelos estúdio, teve momentos de maior ou menor qualidade. Ismail Xavier analisa dois momentos de extrema criatividade, entre outros; Vertigo (um corpo que cai, 1958) e Rear Window (Janela Indiscreta, 1954)
O estilo de Hitchcock, que combina realismo na ação, uma certo maneirismo na construção dos personagens e extrema inventividade na narrativa visual (resultante, antes de tudo, de uma decupagem brilhante e sofisticada), já foi muito copiado, mas, como acontece com obras e autores de exceção, não pode servir de paradigma para ninguém.