LETRA LIVRE 26
Sinopse PGM 26
Convidados: Edney Silvestre e Mario Sabino
O Letra Livre tem a presença de dois autores que não apenas fazem história no jornalismo cultural, mas que se tornaram dois nomes de destaque em nossa literatura contemporânea: o romancista e contista Mario Sabino e o também romancista Edney Silvestre.
• Uma pergunta para ambos, começando pelo Sabino: No seu caso, em que momento o jornalista literário ou de cultura passa para o outro lado do balcão?
• Sabino: O jornalismo atrapalha ou ajuda? O processo de escrita é diferente, já que a linguagem da literatura contemporânea tende a ser oblíqua, enviesada, sendo diferente portanto da linguagem do jornalismo?
• Edney: A experiência de entrevistar autores inibe? Existem decepções? Não falo de simpatia ou antipatia, mas de uma questão que me parece fundamental na literatura: a capacidade de refletir sobre o ato criativo. Algum autor cresceu (ou descresceu) aos seus pela capacidade (ou pela incapacidade) de falar sobre a própria obra?
• Sabino: A reflexão crítica é inerente à criação?
Pergunta de Tiago Novaes para Sabino (o sofrimento é essencial para literatura?)
– emendar na pergunta trecho da Nota Autoral de A Boca da Verdade: “O mundo pode ser divertido e proporcionar momentos de alegria genuína, mas o que faz a boa literatura é a infelicidade. Ela, a infelicidade, é a roda do mundo do escritor. Os melhores romances e contos são aqueles em que os protagonistas são movidos por angústia, tormento, sofrimento.”
• Edney: O que deflagrou seu processo de escrita? É a infelicidade, como no caso do Sabino?
• Sabino: Seus 3 livros tem uma pegada “psicanalítica”: seu romance fala do tabu do assassinato ritual do pai e termina com uma referência ao Édipo de Sófocles, O Antinarciso é amarrado por um tema freudiano e A Boca da Verdade começa com um conto sobre a imagem repugnante do pai na morgue. A literatura é uma forma de expiar fantasmas?
• Edney: Como surgiu o tema de Se eu fechar os olhos agora, em que a trama policial e a questão da violência das relações sociais no Brasil são deflagradas pela curiosidade juvenil em relação à sexualidade?
Pergunta de Tiago Novaes para Edney (revolução e melancolia)
• Sabino: A literatura brasileira atual é melancólica? (lembrar referências à literatura italiana de Dante e Leopardi a Montale)
• Edney: Se eu fechar os olhos agora tem algo em comum com os recentes Heranças, de Silviano Santiago, Leite Derramado, de Chico Buarque, e Immaculada, de Ivone Benedetti: um enredo atravessado pelas contradições brasileiras e suas elites predatórias. A questão da identidade nacional ainda é central na cultura brasileira?
• Sabino: Você parece se afastar dessas questões, a exemplo de um escritor como Bernardo Carvalho? Essa obrigação de falar sobre o Brasil é anacrônica?
• Sabino: Como um autor para quem “a infelicidade é a roda do mundo do escritor”, o que vc acha do clima de festas e prêmios literários?
• Refazer pergunta para Edney: Prêmios, Flips (e suas franquias) criam uma percepção festiva da literatura? Isso é literatura ou espetáculo?
• Sabino: Como jornalista e escritor, você vive entre dois mundos: o que acha sobre o divórcio litigioso entre crítica acadêmica e jornalística? Existe espaço para o intelectual, essa figura tão massacrada pela mídia?
• Edney: Se eu fechar os olhos agora foi um caso esporádico ou o início de um projeto literário? O que vem por aí?